Últimas palavras da inspiradora digital Camila Carvalho. Foto: Carol Oliveira – @caoliphoto/ reprodução instagram
Faltam palavras para englobar todos os problemas que tem nos perturbado. O luto é uma dessas palavras que tentam resumir o fim de um vínculo. E quando este é bem próximo, não há nada que se possa expressar que contemple tantos sentimentos, porque esse luto não tem fim.
A pandemia além de colocar uma lupa na desigualdade social que sempre nos rodeou, apresenta o luto em números cotidianos. Sem exatidão, em razão da pouca testagem e vazios em significado para os entes que ficam. Na lista das vítimas de Feira de Santana (BA), consta Camila Carvalho, uma jovem que resistia às dificuldades pelo seu 3º transplante; uma causa que sonhou até o último dia dos seus 27 anos e 8 meses de vida. Tempo que a mãe Luciana Carvalho acompanhou tão de perto que parecia dividir as mesmas dores da filha. As duas eram como melhores amigas, talvez irmãs gêmeas, que sentiam o que a outra passava, até mesmo quando separadas.
Diagnosticada aos 2 anos com refluxo urinário (retorno da urina para as vias do sistema urinário), Camila desde que nasceu enfrentava os desafios da busca pela saúde. Tão nova e já passava por exames desagradáveis e uso constante de antibióticos. Não tinha completado 6 anos e já havia iniciado tratamento de diálise peritoneal e hemodiálise, seus rins já não funcionavam mais. O alívio veio aos 10 anos, quando recebeu o rim da mãe – uma espera que passava pela preparação física e emocional da pequena Camila.
A tristeza veio aos 14, quando o rim havia parado de funcionar. Camila voltava à hemodiálise e lá ficou até os seus 24 anos; numa trajetória repleta de mal estares e internações hospitalares.
Apoiada pela mãe e pelo núcleo de amigos virtuais que estabeleceu no perfil por ela criado @blogcaradehoje, Camila conseguiu os recursos necessários rumo ao seu 2º transplante na capital paulista, São Paulo. Passados 5 meses de espera por lá, sem contar o tempo do tratamento preparatório, o transplante não deu certo.
Justamente por saber a importância da doação, sangue e órgãos, Camila utilizava o perfil em defesa da causa que ela sentia na pele a importância. Por lá também dividia a rotina de tratamentos, dicas e novidades do universo da hemodiálise. Em cada postagem ficava marcada a resiliência sustentada por ela; chegando até a parecer simples procedimentos de alta complexidade que ela passava. E foi assim que Camila lidou com a má notícia do seu 2º transplante. Superada a dor, a luta passou a ser o 3º e tão sonhado transplante.
Estava tão perto de acontecer, que as malas estavam prontas para a viagem que faria do sonho real. Mas a pedra no meio do caminho veio em definitivo; a Camila que havia resistido à situações inimagináveis, desta vez não voltaria mais para atualizar os seus seguidores que estava tudo bem, ela se foi em 16 de dezembro de 2020 e levou com ela um pedaço da mãe que sonhou desde o princípio em ver a filha bem.
E agora … ?
É o que se pergunta Luciana; que sempre sonhou em ser mãe e dedicou todas as suas forças à maternidade. Sabia de cor tudo que dizia respeito ao tratamento da filha, e vivia ao dispor dela. Camila era (e continua sendo) a luz que a guiava nos conflitos da vida.
E eles continuam, desta vez sem a sua pequena. E a cada dia Luciana tenta seguir as últimas palavras ditas pela filha. Mesmo com a impressão de que o tempo não passou, porque a dor não diminuiu, mas a alternativa que lhe sobrou é viver e continuar o legado que a filha deixou.
Acompanhe para que esta corrente não seja apagada e diga sim a doação de órgãos, afinal, como dizia Camila: — Nunca saberemos quando vamos precisar!
https://www.instagram.com/blogcaradehoje/
Bem-vinda de novo Lara! Estava um pouco preocupada com você. A sua causa também é a minha. Estou agora à espera do 2º transplante, já estou na hemodiálise há mais de 2 anos e ainda não me inscreveram para transplante. Hoje fiquei a saber, que como é o 2º, vou ter que esperar mais de 5 anos! É para esquecer…
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Guida! Obrigada pela recepção, tive que parar um pouco. Algumas vezes somos nossos piores adversários. Agora me sinto melhor e expresso as minhas sinceras considerações a você✨. Torço para que fique tudo bem!
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Muito obrigada Mara, vou levar a história de Mila para outras pessoas e que sirva de incentivo para que ninguém desista nunca e que tenho consciência de que doação é vida um grande beijo para você de Luciana Carvalho
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Obrigada pela confiança, Lu! Desejo que a sua jornada, em companhia da sua estrelinha, seja de luz.
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